quarta-feira, 25 de junho de 2014

Gigantes da Laurissilva

De volta da Ilha da Madeira, não posso ficar mais do que satisfeito com o que vi. Uma floresta Laurissilva extremamente bem preservada, com árvores a crescer em encostas com uma inclinação quase vertical e um tom de verde dominante em toda a paisagem. Uma das zonas mais interessantes é o Fanal. Famoso entre fotógrafos e admiradores de árvores e da Natureza em geral, tive a sorte de o poder fotografar com nevoeiro o que o torna num local mágico. As árvores mostram a sua silhueta fantasmagórica criando uma atmosfera calma e relaxante.

Depois de andar por lá várias horas, fica sempre a sensação de que a melhor foto anda algures por lá. Se fosse lá mais 20 vezes, continuaria a pensar o mesmo. Neste local, as árvores mostram bem a sua idade. É possível encontrar Tils (Ocotea foetens) com mais de 500 anos, anteriores à descoberta da ilha. Aqui crescem livremente e é de realçar o trabalho da Direcção Regional de Florestas da Região Autónoma da Madeira em preservar os mais frágeis.


Uma outra espécie que procurava pela sua raridade era o Cedro-da-Madeira (Juniperus cedrus), uma planta endémica da Macaronésia e que conta já com muito poucos exemplares. Encontrei alguns de porte impressionante e idade avançada.

Mas poucos exemplares, pelo menos em estado selvagem, não é o que se possa dizer dos dragoeiros (Dracaena draco), uma outra planta endémica da Macaronésia. Apesar de comuns nos vários jardins públicos e rotundas espalhadas pela ilha, apenas existe UM em estado selvagem. O local é de muito difícil acesso e só depois de alguma escalada ao longo de uma escarpa, se avista a raridade. Em 2009 existiam mais dois mas o mau tempo da altura provocou a queda de um. Em 2013, novamente devido ao mau tempo acabou por cair o outro. Resta agora apenas este exemplar, com cerca de 5,5m de altura e num excelente estado vegetativo.


É esta a razão de existir desde projecto. Fotografar para divulgar e com isso ajudar a preservar.
A orografia do local não é favorável a grandes fotos. Qualquer pé mal apoiado e fica a foto por fazer e um projecto por acabar!

domingo, 8 de junho de 2014

Rumo aos gigantes da Laurissilva

Imagem Google Earth

Com vista à sua finalização no próximo ano, o projecto Gigantes da Floresta ruma agora às florestas da Madeira. Ilha por excelência da protegida floresta de Laurissilva, considerada património da humanidade pela UNESCO em 1999, muitas espécies há por fotografar: tils, dragoeiros, loureiros, vinháticos etc. Muito haverá por fazer e fotografar. Todos os apoios e indicações serão úteis para este trabalho e por isso, se souber de algum exemplar notável, deixe aqui a sua mensagem com uma pequena indicação do local onde poderá ser encontrado. Agradeço desde já!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Memória em imagens


Em 2010 tive oportunidade de me deslocar a Ourém para fotografar aquela que era a Azinheira com maior projecção de copa da Península Ibérica. Contactei o proprietário do terreno, que com muito gosto me foi mostrar aquilo que para ele, era a menina dos seus olhos. Com mais de 400 anos de idade, a árvore apresentava um vigor invejável, sem um único ramo seco.
No dia 19 de Janeiro de 2013, aconteceu o inesperado: o ciclone derrubou a árvore e com ela o orgulho que o seu proprietário tinha. Em Março de 2013 voltei a visitar a árvore como fiz com muitas após o ciclone e era visível a tristeza nos olhos do sr. José.
São monumentos destes que é necessário preservar, porque estes não se podem recuperar com uma qualquer obra. É um património vivo, de extrema importância, de todos nós e por isso somos todos nós os responsáveis pela sua preservação.
Para o futuro, fica a memória da árvore em imagens.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Nem sempre as árvores morrem de pé!


Passou um ano. Foi no dia 19 de Janeiro de 2013 que se abateu sobre Portugal uma tempestade não vista há muito. Durante mais de 8 horas, ventos com velocidades de 140km/h assolaram constantemente a costa e as florestas deste país. Para além dos avultados danos materiais que causaram, e que mais tarde ou mais cedo serão repostos por completo, outros houve que serão impossíveis de reparar. A queda de imensas árvores entre as quais algumas classificadas são alguns desses danos irreparáveis
Na Mata Nacional de Leiria cairam dois pinheiros classificados, encontrando-se entre estes o maior e mais velho pinheiro bravo da Península ibérica e um dos maiores da Europa. Caiu ainda um outro que se encontrava em processo de classificação e um outro ficou com a copa danificada. Mas não foi apenas na Mata Nacional que árvores monumentais tombaram. Em Ourém caiu a azinheira com maior projecção de copa da Peninsula ibérica, já com mais de 400 anos. E no Alentejo, o famoso sobreiro de Pai Anes com 500 anos tombou não só por causa do vento mas também por falta de manutenção. Foi este o Sobreiro que levou ao início deste projecto e é com muita pena minha que o vejo tombar, esquecido e com uma morte pouco digna. Nenhuma destas árvores morreu de pé!